Das 26 fotos vencedoras este ano do prêmio World Press News, promovido pela holandesa World Press Photo (WPP), 20 são referentes a guerras, conflitos, acidentes ou desastres. Em verdade, apenas as seis imagens de esportes (das categorias Sport News e Stories at Sport News) não fazem menção a desgraças ou derramamento de sangue.
A imagem do ano em 2009, principal prêmio da WPP, foi para o italiano Pietro Masturzo, que registrou uma mulher protestanto aos berros em cima de um telhado de uma casa em Teerã contra a eleição presidencial iraniana. Masturzo, que receberá o prêmio de 10 mil euros em maio, também levou o primeiro lugar na categoria Stories of People in the News, com uma série de fotos também sobre as manifestações na capital do Irã após a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad.
Os juízes do World Press News, segundo a agência Reuters, levaram em consideração o poder de síntese da imagem. A foto de Masturzo teria captado "o começo de algo, o começo de uma grande história".
A Itália foi o país com mais fotógrafos reconhecidos, levando quatro das nove primeiras posições (além de Masturzo, também ganharam os italianos Michele Borzoni, com a melhor de People in the News, e Marco Vernaschi, por uma sequência de imagens do conflito de Guiné Bissau na categoria General News).
Já o Brasil teve apenas um fotógrafo premiado este ano. Daniel Kfouri recebeu o terceiro lugar em Sport News e conseguiu uma das imagens mais poéticas da seleção da WPP: um skatista voando entre as nuvens durante a competição do Megaramp de São Paulo.
Entre tantas imagens de dor e revolta, é um alívio encontrar uma foto tão bela como a do brasileiro. A sensação é de que finalmente o olhar encontra uma imagem para repousar e refletir.
Não há como não reconhecer um Robert Capa (o mais famoso fotógrafo de guerra da história - prometo em breve escrever algo sobre ele aqui) ou a importância da imagem de horror para a mobilização social, principalmente depois da Guerra do Vietnã. No entanto, tornou-se um caminho certo para o jornalismo recorrer à plasticidade do sangue (como na imagem do chileno Carlos Villalon, que retratou uma rapaz morto em uma briga de gangues e levou o segundo lugar de General News) ou ao choque da imagem de impacto imediato.
Embora sejam todas fotografias de momentos históricos e tecnicamente impecáveis, a um desavisado pareceria que o mundo todo está em guerra ou que o jornalismo se resume a noticiar (e a ser competente em registrar com beleza) apenas nos momentos de tensão e barbárie. E é por isso que imagens mais simbólicas, como a de Kafouri ou a de Rina Castelnuovo, que flagrou um judeu arremessando vinho em uma palestina e levou o terceiro prêmio de General News, acabam por se destacar nesta edição.
A dúvida aqui é se a Imprensa tem investido em grandes coberturas apenas em casos de guerra e de esporte, ou se os júris têm realmente escolhido a partir de um ponto de vista restrito de fotojornalismo. Quem quiser ver todas as imagens de 2009 premiadas pela WPP, só precisa acessar o site da organização - apesar da crítica, são fotos que valem a pena, afinal a peneira foi grande: participaram do concurso 5.847 fotógrafos de 128 países.
A imagem do ano em 2009, principal prêmio da WPP, foi para o italiano Pietro Masturzo, que registrou uma mulher protestanto aos berros em cima de um telhado de uma casa em Teerã contra a eleição presidencial iraniana. Masturzo, que receberá o prêmio de 10 mil euros em maio, também levou o primeiro lugar na categoria Stories of People in the News, com uma série de fotos também sobre as manifestações na capital do Irã após a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad.
Os juízes do World Press News, segundo a agência Reuters, levaram em consideração o poder de síntese da imagem. A foto de Masturzo teria captado "o começo de algo, o começo de uma grande história".
A Itália foi o país com mais fotógrafos reconhecidos, levando quatro das nove primeiras posições (além de Masturzo, também ganharam os italianos Michele Borzoni, com a melhor de People in the News, e Marco Vernaschi, por uma sequência de imagens do conflito de Guiné Bissau na categoria General News).
Já o Brasil teve apenas um fotógrafo premiado este ano. Daniel Kfouri recebeu o terceiro lugar em Sport News e conseguiu uma das imagens mais poéticas da seleção da WPP: um skatista voando entre as nuvens durante a competição do Megaramp de São Paulo.
Entre tantas imagens de dor e revolta, é um alívio encontrar uma foto tão bela como a do brasileiro. A sensação é de que finalmente o olhar encontra uma imagem para repousar e refletir.
Não há como não reconhecer um Robert Capa (o mais famoso fotógrafo de guerra da história - prometo em breve escrever algo sobre ele aqui) ou a importância da imagem de horror para a mobilização social, principalmente depois da Guerra do Vietnã. No entanto, tornou-se um caminho certo para o jornalismo recorrer à plasticidade do sangue (como na imagem do chileno Carlos Villalon, que retratou uma rapaz morto em uma briga de gangues e levou o segundo lugar de General News) ou ao choque da imagem de impacto imediato.
Embora sejam todas fotografias de momentos históricos e tecnicamente impecáveis, a um desavisado pareceria que o mundo todo está em guerra ou que o jornalismo se resume a noticiar (e a ser competente em registrar com beleza) apenas nos momentos de tensão e barbárie. E é por isso que imagens mais simbólicas, como a de Kafouri ou a de Rina Castelnuovo, que flagrou um judeu arremessando vinho em uma palestina e levou o terceiro prêmio de General News, acabam por se destacar nesta edição.
A dúvida aqui é se a Imprensa tem investido em grandes coberturas apenas em casos de guerra e de esporte, ou se os júris têm realmente escolhido a partir de um ponto de vista restrito de fotojornalismo. Quem quiser ver todas as imagens de 2009 premiadas pela WPP, só precisa acessar o site da organização - apesar da crítica, são fotos que valem a pena, afinal a peneira foi grande: participaram do concurso 5.847 fotógrafos de 128 países.