Breve Histórico da Fotografia I

Embora seja atribuída oficialmente a Louis-Jacques Mandé Daguerre,  que apresentou primeiro a técnica à academia francesa (em 1839), a fotografia é considerada hoje uma descoberta coletiva. Pesquisadores concordam que sem as descobertas do francês Joseph-Nicéphore Niépce,  que em 1817 obteve imagens com cloreto de prata sobre papel e em 1826 conseguiu o que foi considerada a primeira fotografia tirada no mundo (uma imagem da janela da casa de Niepce que ainda existe), Daguerre provavelmente não teria conseguido lançar o processo de daguerreotipia.

Somado a isso, havia descobertas em diversos campos da ciência e da Europa que contribuiram para a invenção do processo.
    


P&B Verde-Amarelo - O Brasil, que divulgou a técnica do Daguerreótipo  no Jornal do Commercio em 1o. de maio de 1939, antes do anúncio na França e dez dias antes do The Observer, de Nova York, assistiu aos primeiros testes de daguerreotipia menos de um  ano após seu lançamento (algo precoce para um mundo de viagens marítimas e sem internet). O país também teve papel importante nesse descobrimento, tendo abrigado um dos pioneiros da fotografia, o francês Hercule Florence. Residente na Vila de São Carlos (atual cidade de Campinas), Florence teria realizado imagens fotográficas já em  em 1832 (sete anos antes dea demonstração de Daguerre), mas não valorizou a invenção e viu com surpresa que a descoberta havia sido feita também na Europa.
O imperado D.Pedro II, que tinha 14 anos quando comprou o primeiro aparelho de daguerreótipia  do País (essa história eu conto em maiores detalhes no próximo post), reuniu um coleção com mais de 20 mil fotografias, "importou" fotógrafos renomados para o País, manteve diversos fotógrafos oficiais da Casa Imperial e pode ser considerado o primeiro mecenas da fotografia no mundo - o monarca concedeu o real patrocínio e a bandeira de "Artes Imperiais" a fotógrafos dois anos antes da Rainha Vitória, da Inglaterra, conceber o título de "Photographer-in-ordinary to the Queen".
Gadgets do século 19 - As múltiplas pesquisas de ótica, química e física que resultaram na fotografia, somadas aos investimentos de mecenas e governos e ao rápido reconhecimento da importância dessa tecnologia, fizeram com que a técnica evoluísse de forma veloz para seu tempo. A patente da dagerreotipia foi comprada pelo governo francês e doada à humanidade, fato que contribui de modo significativo para essa evolução espantosa. Lançada dois anos depois, a técnica do inglês William Henry Fox Talbot, a talbotipia (ou calotipia) já permitia que as imagens tivessem um negativo e fossem multiplicadas - a patente particular da talbotipia, entretanto, fez com que o daguerreótipo, que só gerava peças únicas, se mantivesse por pelo menos dez anos (no Brasil resistiu até por duas décadas)
Quando a patente de Talbot foi liberada pelo autor, já surgia a fotografia por colódio úmido de
Frederick Scott Archer, datada de 1851. Em 1864, isso evoluiu para uma emulsão seca de brometo de prata em colódio, que facilitava a replicação da matriz em papel. Em 1871, Richard Leach Maddox fabricou as primeiras placas secas com gelatina em lugar de colódio, ajudando na movimentação dos fotógrafos. Em 1874, as emulsões passaram a ser lavadas em água corrente e essa simples modificação ajudou na conservação das placas originais.
No Brasil, a  dobradinha negativo de colódio úmido e papel albuminado (ou seja, laminado com álbumen, substância obtida de ovos) foi a grande responsável por uma ampla difusão da fotografia no país entre 1860 e 1870, resistindo até 1880, quando as placas secas de gelatina tomam o posto do colódio.

No próximo post, conto mais sobre o uso de albúmen e sobre as casas de fotografias que começaram a pipocar pelo Brasil Império, provocando a nossa primeira "revolução da imagem". 

Legendas: 
FOTO 1 - Imagem da Primeira Fotografia do Mundo - Vista da Janela de Niépce em Le Gras (1826)

FOTO 2 - Hercules Florence, pai "brasileiro" da fotografia (auto-retrato)