Bem na Foto 2

Imagine a foto abaixo com a seguinte legenda: "O Prof.Dr. Madock Padock, especialista em recursos humanos: procura pela excelência"



Não rola, né? O exemplo é absurdo (e nem existe, porque eu peguei na rede), mas dá uma mostra de como derrubar uma matéria da qual você participa ou poderia até ser destaque. Isso porque nem sempre o jornalista pode ir até você para fazer imagem (seja por distância, falta de equipe, ou mera falta de tempo por conta do prazo de fechamento).  Então, o repórte enche o peito e pede: "Tem uma foto sua que poderia nos mandar para ilustrar a matéria?", quase sempre com a certeza de que do outro lado da linha não existe nenhum especialista em fotojornalismo.
São os riscos do ofício. Sem uma boa imagem, o leitor pode não ler ou, pior, o editor pode não publicar.  Por isso, segue um mini-manual de como ajudar caso você não tenha nenhuma foto profissional para divulgar.
Afinal, dar entrevista já é uma grande gentileza, mas, se por algum motivo o jornalista não puder ir até você para fotografar, não custa nada aproveitar a oportunidade de sair bem...


Saiba escolher o tema: Se a matéria for enfocar algum aspecto da sua vida, mande uma foto em casa ou no ambiente sobre o qual você falou. Se te procurarem como profissional, mande uma imagem do escritório, ou de um evento. Não adianta nada você ser o maior especialista em citogenética do mundo e mandar aquela foto as férias em Acapulco.

Flash - Em qualquer situação, se puder, evite. Procure um ambiente claro para ser fotografado - dias de céu azul são favoráveis a boas fotos (fuja apenas do sol do meio dia, que deixa tudo branco). Aquele efeito de flash direto na cara dá um ar de zumbi, porque a pele fica com um tom de morte e os olhos costumam sair vermelhos.

Ruído -  Se flash demais atrapalha, falta de luz destrói. Câmeras não captam imagem onde não há nenhuma luz. E não tem Photoshop que recupere informação que não existe. Dentro disso, pouca luz é igual nenhuma luz. A foto fica cheia de ruídos (pontos desconexos dentro da imagem que dão um ar de desfoque ou baixa resolução) e impossível de ser ampliada. Fuja de fotos em ambientes escuros.

Mostre o ambiente - Tirando a Polícia Federal, ninguém quer ver você em um a foto 3x4. São formatos que travam a postura e dizem muito pouco sobre você e o que você faz. Às vezes abrir um pouco mais as foto, pegando meio corpo e um pedaço de uma parede diferente ou de um móvel podem humanizar a imagem.


Longe e além - Escolher fotos onde vocês está muito longe também não ajuda. Você será um ser indefinido na baixa resolução de jornais e revistas. O ideal são foto com distância de 1 metro a 3 metros da câmera para esse tipo de ocasião. A única exceção é turismo ou a inauguração de grandes obras, situações nas quais você estará servindo de referência do tamanho da grandiosidade artística, natural ou urbana da paisagem.

Rir ou não rir, eis... - Se o assunto é leve, não há problema em sorrir, pelo contrário. Se você for fanático por sorvete e estiver sendo entrevistado por isso, a imagem tem que concordar com o que você diz - se estiver tomando picolé de cara amarrada, vai parecer bem pouco simpático. Da mesma forma, rir em um depoimento sobre crise ou problemas pode repercutir como zombaria. Na dúvida, opte pelo sorriso de lado da Monalisa e direcione o olhar.

Contextualize mais - É sociólogo? Fotos perto da estante de livros. Engenheiro? Imagem com o capacete e na construção. Atleta? Que tal uma imagem do treino? ache um elemento que possa te identificar antes das apresentações.

Fundo - Cuidado com o fundo. Você pode acabar com orelhas de coelho por causa de alguma planta atrás de vocês ou com qualquer outro objeto estranho saindo da sua cabeça - e o leitor vai esquecer que era para prestar atenção na sua imagem para olhar esse detalhe.

Mãos -  Uma mão no bolso e outra sobre algo para os homens, mãos sobrepostas para mulheres. Não falha e evita a sensação de que está faltando algo.

Foco -  Cuidado para não focar outra coisa que não você. Em retrato é a maior denúncia de amadorismo e acaba com as chances de sua imagem ser publicada - se você for a única opção de foto, corre o risco até de derrubar a matéria. A regra só não vale para os famosos, que se estiverem em posição embaraçosa, serão publicados de qualquer jeito.

Resolução - Escaneada ou digital, a resolução ideal versa entre 200 dpi para jornal e 300 dpi para revista. O tamanho da foto depende do espaço na edição, mas quanto maior você puder enviar, melhor. Diagramadores agradecem.

Papagaios de Pirata -  Se sua equipe, amigos ou família não tem nada a ver com o assunto discutido,  escolha outra imagem. Muita gente deixa o leitor perdido e os editores de imagem malucos (já reparou que volta e meia eles esquecem um pedaço na foto da pessoa que precisava ser removida?).

Leia o manual - Essa é a dica mais importante. De nada vale toda a criatividade se você só clica no automático. Conheça o equipamento que você vai utilizar (ainda que seja um celular).